Publicado em 05/12/2024- Uma reportagem do UOL revelou os impactos alarmantes do crescimento das apostas online no Brasil, que lidera o ranking global de acessos às plataformas de bets. Dados do site Similarweb mostram que o país é responsável por impressionantes 38% do tráfego global, somando 490 milhões de acessos mensais provenientes de usuários brasileiros.
O levantamento mostrou que países com explosões de apostas similares à brasileira enfrentam uma crescente onda de jogadores compulsivos, crimes e até pensamentos suicidas entre os viciados. Um estudo publicado pela Associação Americana de Psicologia em janeiro de 2024, revelou que até 6% dos apostadores podem desenvolver dependência ou enfrentar problemas relacionados ao jogo; um em cada três jogadores compulsivos já cogitou tirar a própria vida e 13% chegaram a tentar o suicídio.
Esses dados alarmantes reforçam a importância do projeto de lei apresentado pela deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), que propõe a proibição da publicidade, divulgação e propaganda de empresas de apostas e produtos relacionados a jogos de azar, incluindo os previstos na Lei nº 14.790/2023, conhecida como Lei das Bets.
Impactos do vício em jogos
A reportagem destacou que os jogadores compulsivos enfrentam sérias consequências, como endividamento, desgaste das relações pessoais e profissionais e crises de autoestima, muitas vezes levando a pensamentos depressivos e desejos de morte.
Em entrevista ao UOL, o psiquiatra Hermano Tavares, referência nacional no estudo do jogo patológico, afirma que as consequências são semelhantes às da dependência química. “O jogador compulsivo tem até abstinência; 25% apresentam tremores, sudorese, arrepios”, diz Tavares, fundador em 1998 do Programa Ambulatorial do Jogo Patológico da USP (Universidade de São Paulo).
O endividamento é a dificuldade mais óbvia, mas Tavares ressalta que “nem de longe” é a única. Desde a legalização das apostas no Brasil, em 2018, o número de pacientes atendidos pela USP por problemas relacionados a jogos online disparou, representando dois terços dos casos tratados atualmente.
Proposta de Gleisi Hoffmann
Preocupada com os impactos sociais e financeiros das apostas, Gleisi apresentou um projeto de lei que visa reduzir a exposição da população ao marketing agressivo das casas de apostas.
“A vedação das ações de comunicação, publicidade e marketing relacionadas às loterias de apostas de quota fixa é essencial para reduzir a exposição da população a conteúdos que podem induzir ao comportamento de risco, especialmente entre os mais vulneráveis”, destacou.
O projeto de Gleisi busca proteger os cidadãos e mitigar os danos causados pela indústria das apostas. “Este projeto reafirma o compromisso do Parlamento com a proteção dos direitos dos brasileiros e com a construção de uma sociedade mais justa, onde os interesses econômicos não se sobrepõem ao bem-estar da população. Precisamos aprovar essa iniciativa urgentemente para preservar a integridade e a saúde financeira do nosso povo”, concluiu a deputada.
Da Assessoria com informações do UOL