Na CPI do MST, petistas desmascaram falsas acusações do governador Ronaldo Caiado

Em mais uma demonstração que o objetivo da CPI do MST é unicamente criminalizar os movimentos sociais que defendem a reforma agrária no País, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, utilizou todo o seu tempo de convidado no colegiado para acusar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de “não produzir e apenas praticar crimes”, sem apresentar qualquer prova. As declarações foram desmentidas por deputados do PT e também do PSOL – que reafirmaram a importância do MST na luta pela reforma agrária e produção de alimento saudável no campo.

Durante seu depoimento na CPI, o governador, ruralista, chegou a dizer que “o MST não está interessado na reforma agrária”– apesar de essa ser a principal bandeira do movimento desde a sua fundação -, mas sim em “implantar o marxismo” no Brasil. Ronaldo Caiado mentiu ainda que o “MST não produz nada”, demonstrando que desconhece totalmente a produção das 160 cooperativas e as 120 agroindústrias localizadas em assentamentos do MST, que contam com aproximadamente 450 mil famílias. O MST lidera há mais de 10 anos a maior produção de arroz orgânico da América Latina. A safra 2022/2023 em assentamentos no Rio Grande do Sul e Paraná será de mais de 16 toneladas.

Como surgiu o MST

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), esclareceu ao governador de Goiás como surgiu o MST e qual é o seu objetivo. “É preciso ter muito cuidado com o que se fala, governador. O MST nasceu no Paraná, na cidade de Cascavel, em 1984. E nasceu por conta da inundação para formação da barragem de Itaipu, quando muitas pessoas foram expulsas de suas terras sem indenização na época ditadura militar. Então se criou o MST, para que essas famílias tivessem acesso à terra novamente, e também para lutar contra a concentração de terra no Brasil, que vem desde a época das Capitanias Hereditárias”, explicou.

Invertendo os fatos, o governador de Goiás acusou ainda o MST de estimular atos violentos no campo, esquecendo que as maiores vítimas desses casos são justamente aquelas que lutam pela reforma agrária no País. Segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), os conflitos por terra no Brasil aumentaram 16,7% em 2022, em relação ao ano anterior, atingindo 181.304 famílias.

Nas 1.572 ocorrências registradas pela CPT, 28% envolveram povos indígenas, 19% famílias posseiras, 16% quilombolas, 11% sem-terra e 9% famílias assentadas da reforma agrária, entre outras categorias camponesas (ribeirinhos, pescadores e extrativistas).

Ainda de acordo com o levantamento, os principais responsáveis pela violência no campo em 2022 foram fazendeiros (23%), governo Bolsonaro (16%), empresários (13%) e grileiros (11%).

“Quando vocês falam de bandidos aqui, estão atingindo mais de 450 mil famílias que trabalham, sustentam suas famílias e põem comida na mesa do povo. E o MST é o movimento que proporcionou isso”, frisou Gleisi.

Acusação leviana

Em seu depoimento, o latifundiário Ronaldo Caiado disse ainda que já foram apreendidas drogas em acampamento do MST em Goiás. No entanto, não apresentou provas e nem ao menos citou data e local onde esse suposto fato teria ocorrido. A acusação foi duramente questionada por Gleisi Hoffmann e pelo deputado Nilto Tatto (PT-SP). “Tirando o proselistismo, o governador faz uma insinuação grave de que o movimento teria ligação com o narcotráfico. Isso ele [Caiado] vai ter que provar”, sustentou Tatto. Caiado, respeite o MST

O deputado João Daniel (PT-SE) postou em seu twitter: “Repudio veementemente as declarações de Caiado, que de forma irresponsável associa o MST ao tráfico de drogas. E absurda essas falas difamatórias sobre o movimento de trabalhadores que lutam pela reforma agrária e por uma vida digna nesse país”.

Agência PT

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