Mulheres do campo e da cidade do PR fazem marcha por direitos e despejo zero, em Curitiba

Nesta terça-feira (7), cerca de 1500 mulheres do campo e da cidade participam de uma Jornada de Lutas no centro de Curitiba, para cobrar direitos e “despejo zero” no Paraná. A ação ocorre às vésperas do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, e reúne pessoas vindas de comunidades rurais e indígenas de todas as regiões do estado e de ocupações urbanas da capital e da região metropolitana.

A ação é organizada pelas mulheres da Articulação Despejo Zero Paraná, que há cerca de um ano se mobiliza pelo direito à moradia e acesso à terra para a reforma agrária. A Jornada também reivindica pautas históricas e atuais, traduzidas no estado no lema “Mulheres em resistência, contra todas as formas de violência. Por Terra, Teto e Trabalho, por democracia e sem anistia”. 

A Articulação Despejo Zero é formada por movimentos e coletivos, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento Popular por Moradia (MPM), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Movimento de Trabalhadores Por Direitos (MTD); a União de Moradores e Trabalhadores (UMT), coletivo Marmitas da Terra, entre outros coletivos e organizações.  

Jornada de Lutas das Mulheres Sem Terra do PR  

Para as mulheres do MST no Paraná, as ações do dia 7 fazem parte de uma jornada de três dias, entre 6 e 8 de março. Está prevista a participação de mais de 500 camponesas, de todas as idades, acampadas e assentadas em comunidades do MST do estado.

A ação do MST no Paraná faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, que traz como lema “O agronegócio lucra com a fome e a violência, Por terra e democracia, mulheres em resistência”. A centralidade das lutas e denúncias focam no problema da fome no Brasil, da violência e da destruição da natureza.

As camponesas também denunciam as diversas formas de violências patriarcal e racial, que atingem as pessoas em condições de vulnerabilidade e o avanço nos casos de feminicídio, assassinatos LGBTIfóbicos e suicídios no campo.

Setores do agronegócio têm criado laços estreitos e perigosos com o neofascismo, crescente na sociedade brasileira. Por isso as mulheres Sem Terra seguem em luta e resistência por terra, para dela cuidar e produzir alimentos saudáveis e por democracia. Na defesa da Reforma Agrária Popular e da soberania alimentar, na construção de relações humanas emancipadas, livres de todas as formas de violência. 

Por que as mulheres se manifestam?

O dia 8 de março é a data anual em que mulheres de todo o mundo se manifestam por direitos iguais e pelo fim da violência. No Brasil, os últimos anos têm sido de crescimento dos casos de feminicídio (ou seja, são assassinadas somente pelo fato de ser mulher). 

Segundo a pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 18,6 milhões de mulheres brasileiras foram vitimadas em 2022. Para se ter dimensão deste número, é o equivalente a um estádio de futebol com 50 mil pessoas lotado todos os dias. Todas as formas de violência contra a mulher apresentaram crescimento acentuado no ano passado: 28,9% das brasileiras sofreram algum tipo de violência de gênero em 2022, 4,5% a mais do resultado da pesquisa anterior.

No caso dos feminicídios, o primeiro semestre de 2022 também registrou recorde, com 10,8% a mais em relação ao mesmo período de 2019. Quatro mulheres foram assassinadas por dia entre janeiro e junho, em média, totalizando 699 vítimas. Entre esses casos, 62% das vítimas eram negras e cerca de 80% delas foram mortas por parceiros ou ex-parceiros íntimos. Em 2021, foram 1.341 feminicídios. 

Quando o assunto é o acesso à moradia e à terra, as mulheres são mais prejudicadas em situações de despejo, e também quando não há infraestrutura nas comunidades, como acesso à saúde, educação, transporte. Isso porque 15 milhões de moradias informais são ocupadas por mulheres, número que representa 60% do total desses lares no Brasil, segundo dados de 2021. E também por estar concentrada nas mulheres a responsabilidade pelo cuidado dos filhos e de pessoas idosas. 

Pelo menos 7 mil famílias, de 83 comunidades rurais, sofrem com os riscos de despejo no estado. Segundo levantamento do Plano Estadual de Habitação, feito pelo próprio governo do estado e divulgado neste ano, cerca de 511 mil famílias paranaenses não têm lugar adequado para morar. O número de famílias em favelas passou de 90 mil para 114 mil entre 2019 e 2022.

Por Ednubia Ghisi, do Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR
Da Página do MST

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