O diversionismo se tornou um recurso corriqueiro para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Especializando-se em atuar como uma espécie de Rolando Lero do economês, Neto agora encontrou seu mais novo bode expiatório para não reduzir a taxa Selic, estacionada em inacreditáveis 13,75%, e continuar sabotando o crescimento do país: o crédito direcionado, uma modalidade que oferece empréstimos a taxas mais baixas, subsidiadas por bancos públicos.
“No crédito direcionado, a gente pode fazer a análise do cinema que vende a meia-entrada. Se eu vendo muita meia-entrada e quero ter o mesmo lucro, a entrada inteira eu tenho que subir o preço. O crédito funciona um pouco assim”, soltou Neto, na segunda-feira (17), em mais uma defesa mal disfarçada dos ganhos indecentes do capital financeiro às custas do suor do povo brasileiro.
As linhas de crédito mencionadas pelo Rolando Lero do mercado financeiro se encaixam em modelos de empréstimos para áreas de habitação e atividade rural, caso da linha recentemente ofertada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a agricultura.
“Era só o que faltava agora Campos Neto reclamar de empréstimos com taxas menores por conta de subsídios pra não baixar os juros”, reagiu a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, nesta terça-feira (18). “Facilitar acesso à casa própria é um problema pra ele que só pensa no lucro dos rentistas”, criticou.
“Ninguém tem que ter mais e mais lucros não, essa lógica precisa acabar”, argumentou Gleisi. “E o subsídio é pra isso, ajudar os que mais precisam sem compensar nada. É só mais uma desculpa pra favorecer quem já está ganhando e prejudicar o país”, denunciou.
Ofensiva ao rotativo do cartão de crédito
Enquanto Campos Neto distrai a mídia corporativa com declarações criativas sobre as origens da sabotagem à economia do país, os juros do rotativo do cartão de crédito continuam na mira da equipe econômica do governo Lula. Na segunda, o ministro da Fazenda Fernando Haddad, voltou a condenar os juros do rotativo do cartão de crédito, atualmente um instrumento de corrosão da renda e de endividamento das famílias mais pobres.
“O desenho [do crédito do cartão rotativo] está prejudicando muito a população de baixa renda”, disse o ministro. “Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados”, declarou.
Haddad afirmou que o governo vai negociar uma redução das taxas cobradas em operações com o cartão de crédito rotativo. Em fevereiro, o índice bateu 417,5% ao ano, um recorde desde 2017.
Agência PT