Nos últimos dias, com adesão caindo, bolsonaristas apelam para atos antidemocráticos nas estradas em diversos estados do país. Vandalismos, incêndios, acidentes, depredação de caminhões e desabastecimento são denunciados pelo líder dos caminhoneiros, o Chorão.
Em entrevista ao Congresso em Foco, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotivos (Abrava), Wallace Landim, diz que os empresários que incentivam as paralisações serão acionados pela justiça e cobrados por indenizações diante dos danos causados à categoria.
“Ninguém faz churrasco de graça para ninguém. Existe uma parcela muito pequena de caminhoneiros que de fato apoia o presidente Bolsonaro. Mas a outra parcela, de 80% a 90%, quer trabalhar e está sendo prejudicada”, disse Chorão.
De acordo com Chorão, os manifestantes são funcionários de grandes empresas ligadas ao agronegócio e não agem de maneira espontânea. Os atos atingem pelo menos 17 rodovias, quer foram interditadas parcialmente ou bloqueadas, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O presidente da Abrava afirma ainda que não há motivo para a categoria apoiar Bolsonaro, pois ele não cumpriu as promessas assumidas com os caminhoneiros em 2018.
“Estão falando que os caminhoneiros estão parando as rodovias para salvar o país, pedindo intervenção militar e impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Até hoje não tive informação de que fecharam os comércios dos apoiadores do presidente, nem as fábricas de fertilizantes e do pessoal que produz soja. Eles estão por trás disso, mas é o caminhoneiro que está levando a fama”, declarou.
Barreiras de terras causam acidentes
Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso, barreiras de terras montadas nas estradas provocaram acidentes. Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em um dos acidentes, o veículo transportava 12 estudantes e três professores.
O APP Sindicato, entidade que representa professores paranaenses, denunciou a ação dos bolsonaristas nas redes sociais:
“Uma van que transportava 12 estudantes do 9º ano e três professoras de Palmas, no interior do Paraná, em excursão para o Beto Carrero [em SC], colidiu de frente com uma barreira de terra não sinalizada (foto) erguida na calada da noite por manifestantes que pedem a volta da ditadura militar”, afirmou o sindicato.